O nosso planeta passa por problemas seríssimos – todos os meus superlativos descendem da minha mãe, ela é muito superlativa, eu sou muito superlativa, meu filho é “superlativíssimo” pra idade dele. Desculpem o desvio, não é esse o tema, só precisava comentar. Continuando o “ecoassunto”, a humanidade chegou a um estágio de desenvolvimento, em que os apetrechos, facilidades, pequenos prazeres, que com tanto custo foram desenvolvidos para ajudar e animar as nossas vidas estão destruindo o planeta. Eu que me considerava uma pessoa minimamente consciente, tenho que admitir, que na verdade sou uma “ecoanta”. Não consigo adotar o mínimo de hábitos “ecocorretos”, pelo contrário, sem saber, tenho contribuído de forma aviltante para destruição da Terra.
Hoje, vindo de carro para o trabalho, eu ouvi que um jornal inglês fez uma matéria enorme com roteiros de viagens para se fazer, sem ter que usar avião. Os “ecoconscientes” não fazem mais viagens de avião desnecessárias. Os aviões são extremamente poluentes. Os carros são individualmente menos poluentes, mas também devem ser evitados. Férias, só a pé. Gente, eu nunca tinha pensado nisso! Eu nunca tinha pensado que viajar de avião até Recife, pelo vil motivo de curtir o carnaval, tivesse sido uma atitude tão irresponsável e que tivesse comprometido o futuro do meu planeta. Fiquei devastada. A partir de agora carnaval só em Búzios, e a pé. Tenho que planejar para sair com certa antecedência.
Na mesma linha de raciocínio “ecorresponsável”, amigos me mandaram um estudo publicado por uma revista respeitada, que fala sobre o efeito da flatulência da vaca sobre o aquecimento global. Os gases que elas emitem são hiper tóxicos. Segundo o estudo, a flatulência bovina se tornou um problema gravíssimo, pois como a pecuária é um negócio extremamente lucrativo, existem milhares, quiçá milhões de vacas peidando – desculpem, mas existem momentos em que certas palavras são necessárias para dar a real ênfase ao problema – sobre a face da Terra. Vocês já tinham pensado nisso? Eu ainda não tinha. Eu já tinha pensado nos efeitos negativos da carne vermelha sobre o corpo humano, mas não sobre o planeta. Fiquei péssima.
Outro problema que só enxerguei recentemente é o problema do consumo de produtos orgânicos. Eu consumo muitos produtos orgânicos. Sou tarada por orgânicos. Não posso ver essa palavra escrita em nenhuma embalagem que eu compro. É automático. Basta ser orgânico que eu compro. Legumes orgânicos, verduras orgânicas, carnes orgânicas, ovos orgânicos, café orgânico, macarrão orgânico, biscoito de castanha-do-pará-rico-em-selênio orgânico, produtos de limpeza orgânicos. Agora estou conhecendo melhor roupas e sapatos orgânicos. Algo para ser considerado orgânico, além de cultivado ou criado sem adição de agrotóxicos, hormônios, antibióticos e outros itens prejudiciais a saúde, não pode agredir o meio ambiente pelo seu cultivo ou criação. É mais ou menos como se estivéssemos de volta no tempo. Por isso eles são produzidos em menor escala e são automaticamente mais caros. Estava toda feliz com a minha atitude “ecocerta”, quando descobri que se todos resolvessem fazer agriculturas orgânicas, o problema da fome no mundo aumentaria sobremaneira. Com seis bilhões de habitantes na Terra, não dá pra ficar fazendo cultivo em pequena escala. E agora? Se consumir não orgânicos, eu agrido a natureza. Se consumir orgânicos, eu incentivo a produção em menor escala e o aumento da fome. Pirei.
Esse post ficou confuso. Eu estou confusa. O mundo está confuso. Acredito que estamos passando por um período de grandes transformações. O ser humano está tentando ser mais consciente dos efeitos gerados por seus atos. Mas também acho que mesmo os mais preparados, ainda não estão preparados para lidar com toda essa informação. A cada dia disseminamos uma incrível quantidade de novas paranóias que não podemos resolver e nem digerir. Sem conclusão. O título do post é uma referência a um dos maiores medos da gente quando criança, e que nos atormenta todos os domingos durante o Fantástico. Eu perguntava pra minha mãe do alto dos meus seis anos. - Mãe, será que o mundo vai acabar? E ela respondia. - Meu avô sempre me falou que o mundo só acaba pra quem morre.
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1 comment:
Grande sabedoria do seu bisavô. Você tem razão de estar confusa, as notícias as vezes são contraditórias e aí perde-se a credibilidade.
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