Thursday, March 29, 2007

Cuidado! esse post tem cenas de "corujisse" explícita

O meu pequeno príncipe estuda numa escola construtivista. Entende-se por escola construtivista - no meu parco entendimento de educação infantil - aquela em que o pequeno aluno constrói o conhecimento através de experiências e vivências próprias, relacionadas a um assunto específico. Por exemplo, no primeiro ano dele na escola ele viu a obra de Van Gogh, de Érico Veríssimo, do Ziraldo. Estudou os costumes do povo gaúcho, dos povos do oriente. Ano passado ele viu a obra de Picasso, aprendeu sobre os oceanos. No momento ele está aprendendo sobre Monet. Ele aprendeu tudo isso através da dança, da representação, do desenho, da colagem, com a participação dos pais nas aulas e nas pesquisas. Na escola, ele tem que sentir a textura, o cheiro, o sabor das coisas. No estudo sobre os povos do oriente, a escola e os alunos prepararam uma exposição onde todos provaram damasco, canela e outros sabores diferentes. Na escola eles também aprendem a negociar. Existe o “combinado” e isso é lei. Se a gente combina antes, não tem choro nem vela, tem que cumprir. Nós estamos felizes com essa maneira que a escola apresenta o mundo a ele.

Cada criança é única e os pais têm que sentir se elas estão se desenvolvendo de forma saudável. Eu vejo meu filho bem, curioso em relação ao mundo, não só o mundinho dele, mas o mundo de gente grande. Tem umas passagens lindas do desenvolvimento dele, que eu tenho certeza que todas as mães têm pra contar sobre seus filhos, mas como esse blog é tudo sobre minha mãe e sobre meu filho, ou seja, minha vida, seguem duas estórias dele, que são cenas de “corujisse” explícita.

Estávamos eu e ele na livraria, nosso programa favorito na saída da escola. Ele tinha dois anos na época e estava “estudando” Van Gogh. Lemos uns livros, ficamos um pouco por ali, eu peguei um livro que queria e fomos pro caixa pagar. Na parte de baixo do balcão do caixa tinham uns calendários à venda com umas fotos das pinturas do Van Gogh. Pequeno príncipe, com seu tom de voz alto e sua fala explicada, manda em bom som. – Mãe, olha esses livrinhos com as pinturas do Van Gogh! As pessoas em volta nos olharam, eu fiquei bege. – Menino, como é que você fala uma coisa dessas? Todo mundo aqui esperando você fazer uma birra pedindo um DVD da Xuxa e você vem com esse negócio de Van Gogh? Que vergonha! Onde é que nós estamos? Peguei a mão dele e fomos embora.

O tal “combinado” me livra de umas roubadas, mas me põe em outras. Se o combinado é só o teatrinho, sem brincadeira depois, é só o teatrinho. Ele respeita. Mas por outro lado ele vem se tornando um negociador de primeira. Outro dia ele foi dormir tarde, apesar dos meus avisos de que no dia seguinte tinha natação. Óbvio que no dia seguinte ele não quis ir à natação. E foi uma briga por telefone. Minha mãe no meio tentando contemporizar. Lá pelas tantas ela me liga com um “combinado” proposto por ele, mas que ele preferiu que ela negociasse comigo. O “combinado” era o seguinte, ele iria à natação sempre, prometia que não iria mais faltar, ele só não iria à natação nos dias que ele não estivesse com vontade. Vai pra ONU.

2 comments:

Bárbara Anaissi said...

tenho q confessar: esta história do van gogh já é conhecida aqui em petrô. sempre q converso sobre crianças, educação infantil e temas parecidos eu conto: uma amiga minha tem um filho tão fofo, tão inteligente q um dia, numa livraria, ele viu uma reprodução do van gogh e... sou uma tia distante mas muito coruja. :-)bjs

Engenho said...

que bonitinho, só vi seu comentário agora. bjs