
a paixão tinha acabado. tinha ficado claro pelo desconforto que pairava sobre aquela antiga mesa de bar. tentavam ser cordiais, conversavam sobre generalidades. tinha existido tanta emoção que era muito estranho ficarem frente a frente sem terem mais nada a dizer. a paixão tinha gasto. a paixão tinha sido totalmente consumida. eles nunca se preocuparam em cultivá-la, ou em cultivar qualquer outro sentimento. achavam que aquele arrebatamento seria eterno. não prestaram atenção no que cientistas alertam. a paixão tem prazo de duração. a paixão é traiçoeira. ela vem nos visitar sem ser convidada, fica nos atormentando, quase nos enlouquece, e quando você menos espera, quando já se acostumou com a sua presença, ela vai embora sem avisar. aí você acorda um dia de manhã, e a paixão sumiu, não está mais ali, foi embora e não te deixou nenhum aviso, nenhum bilhete. e o, já ultrapassado, objeto do seu desejo ainda está ali, parado na sua frente, sem que a presença dele faça ainda sentido.
chegaram ao lugar de sempre, para um encontro. nada especial. nada diferente de tantos outros encontros. cada um pediu um café. eles nunca tinham pedido café. pediam vinho. pediam champagne. celebravam sempre. pedir um café era um presságio de que celebrar juntos já não mais aconteceria. ela se lembrou dos planos. aqueles planos que fizeram juntos e que ficaram nas gavetas da alma. nunca mais deixariam de ser planos. nunca conheceriam Paris juntos. na partilha de uma separação, com quem ficam os planos compartilhados? talvez ela fosse à Paris com outro. talvez ele deitasse sob um céu iluminado e explicasse a posição das estrelas à outra. ela pensava em sair dali. queria ir pra casa chorar pelo fim daquela estória. queria ir pra qualquer outro lugar comemorar pelo fim daquela estória.
ela pediu pra ele pedir a conta. ele pediu a conta. ele pagou a conta. ele queria comprar uma rosa pra ela, como que para agradecer os anos felizes juntos. ela pediu pra ele não comprar. ninguém pronunciou sequer uma palavra sobre o fim. se despediram com um beijo no rosto. ela entrou num táxi. ela não olhou pra trás. ele entrou em outro táxi, que assim como suas vidas, seguiu um rumo diferente.
chegaram ao lugar de sempre, para um encontro. nada especial. nada diferente de tantos outros encontros. cada um pediu um café. eles nunca tinham pedido café. pediam vinho. pediam champagne. celebravam sempre. pedir um café era um presságio de que celebrar juntos já não mais aconteceria. ela se lembrou dos planos. aqueles planos que fizeram juntos e que ficaram nas gavetas da alma. nunca mais deixariam de ser planos. nunca conheceriam Paris juntos. na partilha de uma separação, com quem ficam os planos compartilhados? talvez ela fosse à Paris com outro. talvez ele deitasse sob um céu iluminado e explicasse a posição das estrelas à outra. ela pensava em sair dali. queria ir pra casa chorar pelo fim daquela estória. queria ir pra qualquer outro lugar comemorar pelo fim daquela estória.
ela pediu pra ele pedir a conta. ele pediu a conta. ele pagou a conta. ele queria comprar uma rosa pra ela, como que para agradecer os anos felizes juntos. ela pediu pra ele não comprar. ninguém pronunciou sequer uma palavra sobre o fim. se despediram com um beijo no rosto. ela entrou num táxi. ela não olhou pra trás. ele entrou em outro táxi, que assim como suas vidas, seguiu um rumo diferente.
1 comment:
Que bom que é ficção.
O existencialismo de Renata de Bouvoair é um bom começo para um romance que espero você escreva.
vó
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