Saturday, March 31, 2007
E-ticket
Mulher almoça calmamente depois de uma hora de intensa malhação. Tenta organizar mentalmente o seu dia. Lembra que tem que terminar aquele relatório importante. Tem que correr para pegar o filho na escola, passar no mercado para comprar as coisas pro café da manhã do dia seguinte. Dar banho, dar jantar, brincar, ler história, por pra dormir. Voltar pro computador e terminar o relatório. O relatório é importante e ela já atrasou o prazo combinado. Tem que dar atenção ao marido. Decide fazer anotações mentais. Nota 1 – Perguntar ao marido como foi o dia. Prestar atenção na resposta. Nota 2 – Ser sexy. Precisa lembrar que tem que ser sexy.
Aeroporto Charles de Gaulle em Paris
Duas mulheres tentam embarcar de volta ao Brasil depois de dias incríveis na Europa. Elas carregam consigo a última invenção do homem moderno. O e-ticket. Um papelzinho nojento com um monte de pequenos números digitados que o fulano da agência de turismo empurrou para elas. Estão nervosas, cansadas, não falam francês, nem inglês. Dirigem-se ao balcão da companhia aérea. Ainda faltam algumas horas para o vôo.
Refeitório de empresa no Rio de Janeiro
Mulher ainda saboreia o feijão fradinho que está a sua frente. Está sozinha no refeitório. Pensa em como é bom ter alguns momentos de tranqüilidade. O telefone toca. O copeiro não está. Sua educação a manda levantar e atender ao telefone.
- Oi Renata, desculpe interromper seu almoço, mas é uma ligação internacional urgente da sua mãe.
Um frio percorre a sua espinha. O que terá acontecido? Imediatamente manda a telefonista transferir a ligação.
Aeroporto Charles de Gaulle em Paris
- Alô! Oi minha filha, está tudo mais ou menos. Eu não te falei que aquele papelzinho não era passagem? Eu sabia que tinha que vir com a passagem, esse negócio de e-ticket não funciona. Agora o francesinho aqui do balcão não está deixando a gente embarcar. Estou nervosa, vamos perder a conexão na Alemanha.
Mulher desliga o telefone com a promessa da filha de ir à agência de turismo e falar com o fulano para ver o que estava acontecendo.
Refeitório de empresa no Rio de Janeiro
A comida estava realmente ótima. O pequeno momento de tranqüilidade tinha acabado. Deixou o feijão fradinho de lado, precisava ajudar a mãe perdida na Europa.
Agência de turismo no Rio de Janeiro
O agente de turismo confere os e-tickets. Aparentemente está tudo certo. Ele imprime novamente para que a mulher possa passar os números para sua mãe. O celular dela toca. Ela olha para o visor, é sua mãe.
- Minha filha, fala com o moço aqui do balcão, explica pra ele esse negócio de e-ticket, quem sabe ele te entende?
A mulher escuta sua mãe tentando se comunicar com o funcionário francês.
- Hei! Parle english? Parle english? Parle! Que bom! Parle aqui com a minha filha in english! Meu senhor parle agora, isso aqui é uma ligação internacional pro Brasil.
Refeitório de empresa no Rio de Janeiro
Mulher procura seu prato de comida. A essa altura sua mãe e a amiga já devem ter embarcado. Enfim o funcionário localizou os códigos dos e-tickets. Tomara que dê tudo certo na Alemanha. Reconhece que as possibilidades são pequenas. O prato se foi, o copeiro achou que ela já tinha terminado e jogou sua comida fora. Tem que voltar para sua mesa de trabalho, tem que se concentrar no relatório. Como? Com sua mãe perdida na Europa.
Friday, March 30, 2007
Celulares suicidas
Thursday, March 29, 2007
Cuidado! esse post tem cenas de "corujisse" explícita

Cada criança é única e os pais têm que sentir se elas estão se desenvolvendo de forma saudável. Eu vejo meu filho bem, curioso em relação ao mundo, não só o mundinho dele, mas o mundo de gente grande. Tem umas passagens lindas do desenvolvimento dele, que eu tenho certeza que todas as mães têm pra contar sobre seus filhos, mas como esse blog é tudo sobre minha mãe e sobre meu filho, ou seja, minha vida, seguem duas estórias dele, que são cenas de “corujisse” explícita.
Estávamos eu e ele na livraria, nosso programa favorito na saída da escola. Ele tinha dois anos na época e estava “estudando” Van Gogh. Lemos uns livros, ficamos um pouco por ali, eu peguei um livro que queria e fomos pro caixa pagar. Na parte de baixo do balcão do caixa tinham uns calendários à venda com umas fotos das pinturas do Van Gogh. Pequeno príncipe, com seu tom de voz alto e sua fala explicada, manda em bom som. – Mãe, olha esses livrinhos com as pinturas do Van Gogh! As pessoas em volta nos olharam, eu fiquei bege. – Menino, como é que você fala uma coisa dessas? Todo mundo aqui esperando você fazer uma birra pedindo um DVD da Xuxa e você vem com esse negócio de Van Gogh? Que vergonha! Onde é que nós estamos? Peguei a mão dele e fomos embora.
O tal “combinado” me livra de umas roubadas, mas me põe em outras. Se o combinado é só o teatrinho, sem brincadeira depois, é só o teatrinho. Ele respeita. Mas por outro lado ele vem se tornando um negociador de primeira. Outro dia ele foi dormir tarde, apesar dos meus avisos de que no dia seguinte tinha natação. Óbvio que no dia seguinte ele não quis ir à natação. E foi uma briga por telefone. Minha mãe no meio tentando contemporizar. Lá pelas tantas ela me liga com um “combinado” proposto por ele, mas que ele preferiu que ela negociasse comigo. O “combinado” era o seguinte, ele iria à natação sempre, prometia que não iria mais faltar, ele só não iria à natação nos dias que ele não estivesse com vontade. Vai pra ONU.
Piada de português

A Maria pediu pro Manoel trazer um remédio pra matar rato. Manoel volta pra casa com um pacote de Mate Leão.
– Manoel eu pedi um remédio pra matar ratos e você traz Mate Leão.
– Ohhh Maria, se esse troço mata um bicho do tamanho de um leão, não vai matar um ratinho de m#$&*erda?
O Joaquim liga pra Varig pra saber a duração do vôo São Paulo/Lisboa (notem que é uma piada antiga)
– Aloouuuu, é da Barig?
- Sim.
- Por favoire, quanto tempo dura o vôo São Paulo/Lisboa?
– Um minutinho...
– Obrigadinho.
A diarréia falou pro peido.
- Vai buzinando na frente que eu tô sem freio.
Foram umas trinta piadinhas infames como essas. Gente, sinceramente, esse tipo de coisa deveria ser proibida em ambiente de trabalho.

Hoje é aniversário do meu pai - pra mim é ontem porque eu nem dormi ainda. Fiquei procurando uma foto dele pra postar aqui, mas só tem foto com o pequeno príncipe e eu tô muito cansada pra editar a foto. Sendo assim, botei uma foto do José Wilker que é bem parecido e fica essa impressão que meu pai é ator da Globo. Nossa, meu humor está ótimo pra quem está insone e vai trabalhar amanhã cedo... Beijos pro papai, felicidades, saúde pro mais novo sessentão e umzão da cidade.
Propaganda do Pão de Açúcar
O que faz você feliz?
A lua, a praia, o mar, uma rua, passear
Um doce, uma dança, um beijo ou goiabada com queijo?
Afinal o que faz você feliz?
Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde
Arroz com feijão, matar a saudade?
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis ou são os sonhos que te fazem feliz?
Dormir na rede, matar a sede, ler ou viver um romance?
O que faz você feliz?
Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir à toa
Um pássaro, um parque, um chafariz ou será um choro que te faz feliz?
A pausa pra pensar, sentir o vento, esquecer o tempo
O céu, o sol, um som, a pessoa ou o lugar?
Agora me diz o que faz você feliz?
Tuesday, March 27, 2007
Monday, March 26, 2007
Tudo bem
- Tudo bem. E você tudo bem?
- Tudo bem. Eu não achei esse seu tudo bem muito bem.
- Não? Tá tudo bem.
- Huum...não quer falar, tudo bem.
- É que eu achei que ontem fosse ficar tudo bem.
- E não ficou tudo bem?
- É, ficou...(suspiro)
- Tem que dar tempo ao tempo, acredite, vai ficar tudo bem.
- É, tudo bem...(outro suspiro)
- Então tá, mais tarde eu ligo pra saber se está tudo bem.
- Tudo bem. Tchau.
- Tchau.
Saturday, March 24, 2007
O chamado
O motivo da mudança? Não, não foram os constantes apelos da minha mãe dizendo que eu sempre fui “lourinha”, que ela teve uma filha loura e outra ruiva, e que aquela cor de cabelo estava horrível. Não foram pedidos de amigas, conselhos de cabeleireiros ou nada disso. Foi uma frase de um colega da pós, proferida no intervalo de uma aula de Princípios de Economia. Ele olhou a minha carteira de motorista - que tem uma foto minha loura - e falou – O que você está fazendo com esse cabelo escuro, você fica extremamente sensual de cabelo louro. Queeeeeeee? Sensual? Como assim? Aqui no meio de todo mundo, eu sou uma mulher casada, mãe de família.
Caros leitores não se preocupem, isso foi só um charminho da minha parte. Marido não precisa ir lá esmurrar a cara desse canalha até a morte. Na verdade, esse colega é também uma mulher sensual trancada no corpo de um advogado careta. Capice? Espertinhos, eu sabia que vocês iam entender rapidinho! Ele não se interessa por mulher, mas possui olhar masculino e pode falar o que sente sem medo de ser mal interpretado. A opinião dele vale muito. Vale duplamente. E o mais extraordinário foi o adjetivo sensual. Ele não disse melhor, mais bonita, com o rosto iluminado. Ele disse sensual. Eu tive que aceitar o chamado. Eu queria correr para o salão e mudar tudo naquele momento, mas o adiantado da hora me impediu. Óbvio que a minha carteira de motorista passou de mão em mão e eu fiquei morrendo de vergonha. Várias outras opiniões divergentes da dele foram dadas. A que valeu foi a dele.
Sendo assim não me chamem mais de Renata. Meu nome é Kátia Flávia, a godiva sensual do Irajá.
Thursday, March 22, 2007
As cinco coisas

5 coisas pra fazer antes de morrer (nesse item eu tive que fazer umas compilações)
*Conhecer o Japão, a China, a Índia, a Austrália, Nova Zelândia, África do Sul. Passar longas férias sem rumo pela Europa. Passar um tempo na Irlanda.
*Ler a maior quantidade possível de livros. Ver a maior quantidade possível de filmes. Ouvir a maior quantidade possível de boa música. Ter uma livraria pra chamar de minha.
*Ver filhote apaixonado. Conhecer meus netos e meus bisnetos.
*Morar um ano em Nova Iorque. Morar um ano em Paris. Morar um ano em Madri. Ser fluente nas línguas locais.
*Adotar uma criança. Atuar em favor de uma grande causa.
5 coisas que faço bem
*Filho
*Dar amor
*Divertir os outros
*Rir
*Pagar imposto
5 coisas que mais digo
*Fala mãe.
*Filho não faça isso, por favor!
*Você não tem noção...
*Jura???? Não acredito.
*Eu te amo.
Obs. Esse item merece que eu faça menção a duas frases muito ditas durante meus surtos consumistas. * eu mereço e *não posso perder essa oportunidade.
5 coisas que eu não faço
*Não bato no meu filho, nem no filho dos outros, nem em nenhuma criança.
*Nunca desejo mal a ninguém. Não sei fazer isso, tenho medo que aconteça.
*Não corrompo, nem sou corrompida.
*Não digo o que penso para quem não tem condições de ouvir.
*Não bebo refrigerante.
5 coisas que odeio
*Intolerância. Pessoas que se acham donas da verdade (afinal a dona da verdade sou eu).
*Corrupção.
*Grande diferença social. Injustiça social
*Violência. Criar meu filho nesse ambiente de insegurança.
*Prisão de ventre.
5 coisas que me encantam
*Família. Em especial, filhote
*Eles. Vinícius e Chico.
*Mesa de bar cercada de amigos queridos e sorrisos.
*Beijos apaixonados.
*Roberto Carlos e um bom vinho.
A Gula
- Não vai.
- Não?
- Claro que não. Ou você acha que essas espiadinhas dentro da gaveta são o que?
- Ahhhhhhh, pois é.
Wednesday, March 21, 2007
O mundo só acaba pra quem morre
Hoje, vindo de carro para o trabalho, eu ouvi que um jornal inglês fez uma matéria enorme com roteiros de viagens para se fazer, sem ter que usar avião. Os “ecoconscientes” não fazem mais viagens de avião desnecessárias. Os aviões são extremamente poluentes. Os carros são individualmente menos poluentes, mas também devem ser evitados. Férias, só a pé. Gente, eu nunca tinha pensado nisso! Eu nunca tinha pensado que viajar de avião até Recife, pelo vil motivo de curtir o carnaval, tivesse sido uma atitude tão irresponsável e que tivesse comprometido o futuro do meu planeta. Fiquei devastada. A partir de agora carnaval só em Búzios, e a pé. Tenho que planejar para sair com certa antecedência.
Na mesma linha de raciocínio “ecorresponsável”, amigos me mandaram um estudo publicado por uma revista respeitada, que fala sobre o efeito da flatulência da vaca sobre o aquecimento global. Os gases que elas emitem são hiper tóxicos. Segundo o estudo, a flatulência bovina se tornou um problema gravíssimo, pois como a pecuária é um negócio extremamente lucrativo, existem milhares, quiçá milhões de vacas peidando – desculpem, mas existem momentos em que certas palavras são necessárias para dar a real ênfase ao problema – sobre a face da Terra. Vocês já tinham pensado nisso? Eu ainda não tinha. Eu já tinha pensado nos efeitos negativos da carne vermelha sobre o corpo humano, mas não sobre o planeta. Fiquei péssima.
Outro problema que só enxerguei recentemente é o problema do consumo de produtos orgânicos. Eu consumo muitos produtos orgânicos. Sou tarada por orgânicos. Não posso ver essa palavra escrita em nenhuma embalagem que eu compro. É automático. Basta ser orgânico que eu compro. Legumes orgânicos, verduras orgânicas, carnes orgânicas, ovos orgânicos, café orgânico, macarrão orgânico, biscoito de castanha-do-pará-rico-em-selênio orgânico, produtos de limpeza orgânicos. Agora estou conhecendo melhor roupas e sapatos orgânicos. Algo para ser considerado orgânico, além de cultivado ou criado sem adição de agrotóxicos, hormônios, antibióticos e outros itens prejudiciais a saúde, não pode agredir o meio ambiente pelo seu cultivo ou criação. É mais ou menos como se estivéssemos de volta no tempo. Por isso eles são produzidos em menor escala e são automaticamente mais caros. Estava toda feliz com a minha atitude “ecocerta”, quando descobri que se todos resolvessem fazer agriculturas orgânicas, o problema da fome no mundo aumentaria sobremaneira. Com seis bilhões de habitantes na Terra, não dá pra ficar fazendo cultivo em pequena escala. E agora? Se consumir não orgânicos, eu agrido a natureza. Se consumir orgânicos, eu incentivo a produção em menor escala e o aumento da fome. Pirei.
Esse post ficou confuso. Eu estou confusa. O mundo está confuso. Acredito que estamos passando por um período de grandes transformações. O ser humano está tentando ser mais consciente dos efeitos gerados por seus atos. Mas também acho que mesmo os mais preparados, ainda não estão preparados para lidar com toda essa informação. A cada dia disseminamos uma incrível quantidade de novas paranóias que não podemos resolver e nem digerir. Sem conclusão. O título do post é uma referência a um dos maiores medos da gente quando criança, e que nos atormenta todos os domingos durante o Fantástico. Eu perguntava pra minha mãe do alto dos meus seis anos. - Mãe, será que o mundo vai acabar? E ela respondia. - Meu avô sempre me falou que o mundo só acaba pra quem morre.
Tuesday, March 20, 2007
Monday, March 19, 2007
Casamento na Família
Saturday, March 17, 2007
A casa de sabão

Eram duas manicures ao mesmo tempo pra agilizar. Ele tava achando tudo muito divertido. Tirou as sandálias, entrou na bacia onde estavam os meus pés. Fez uma sujeira. Conversou. Penteou o cabelo. Olhou-se no espelho. E de repente falou. Tchau mãe, vou atrás do meu pai. Eu estava literalmente de mãos e pés atados. Fica aí que seu pai já volta. Não mãe, eu sei onde ele está, vou lá, fica tranqüila.
A manicure, tentando me ajudar, lançou mão de toda psicologia infantil que ela dispunha e falou. Olha menino, aí fora tem um homem que pega criança e transforma em sabão. Queeeeeeeeeeeeeeeeeeee? Mãe, como é que você me trás num lugar onde pessoas transformam crianças em sabão? Que tipo de gente freqüenta esse shopping? Eu fiquei numa saia justa. Não uso esse tipo de artifício cruel para fazer o meu filho fazer o que eu quero, por outro lado a manicure só estava tentando me ajudar, da maneira que ela sabia. Ele ficou nervoso, queria explicações detalhadas, a descrição do sujeito, como ele atuava, se adiantaria dizer que a mãe sentiria muito a falta dele, no caso de encontrar com o facínora. Tentei contornar o assunto, explicar que não era exatamente sabão, que alguém poderia simplesmente levá-lo, achar que ele estava perdido, que nem todo mundo é bonzinho, blá, blá, blá. Mas a manicure foi impiedosa. Olha menino, o negócio é o seguinte, o homem vem, bota a criança num saco, leva ela embora e a transforma em sabão. Você nunca viu essas fotos de crianças perdidas? Todas viraram sabão. Queeeeeeeeeeeeeeeeeeeee?
Tive que intervir, falei pra manicure não se preocupar que ele era um menino obediente. Que deixasse que eu explicasse pra ele. Ele ficou apavorado. Tirou forças nem sei de onde e chegou na porta do salão para verificar se tinha algum homem com pinta de “fazedor de sabão”. Voltou com cara de Sherlock Holmes que acabou de desvendar um crime. Mãe tem um homem lá fora vestido de preto com uma faca na mão, acho que é esse cara que transforma crianças em sabão. Não meu filho, esse deve ser o sushiman do restaurante aqui da frente. Foi à porta novamente e voltou com cara de interrogação. Mãe não tem ninguém lá fora com cara de que transformaria uma criança em sabão. Acabei de fazer o que tinha pra fazer e fomos embora. Longe do salão expliquei que não é nada disso, que ninguém transforma criança em sabão, mas o mal já estava feito. Ele ficou desolado olhando pro sabão enquanto eu dava banho nele.
Friday, March 16, 2007
Casamento na família
Case-se comigo /Antes que amanheça /Antes que não pareça tão bom pedido /Antes que eu padeça/Case comigo/Quero dizer pra sempre/Que eu te mereço/Que eu me pareço /Com o seu estilo/E existe um forte pressentimento dizendo/Que eu sem você é como você sem mim/Antes que amanheça, que seja sem fim/Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim/Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido /Meu príncipe, meu hóspede, meu marido/Case-se comigo/Antes que amanheça /Antes que não me apareça tão bom partido/Case-se comigo/Antes que eu padeça/Case-se comigo/Eu quero dizer pra sempre /Que eu te mereço/Que eu me pareço/Com o seu estilo/E existe um forte pressentimento dizendo/Que eu sem você é como você sem mim/Antes que amanheça, que seja sem fim /Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim!
Thursday, March 15, 2007
Muita meda

Local - Vestiário de uma academia na zona sul do Rio.
Horário – hora do almoço na zona sul do Rio.
Personagens – eu e mais umas cinco médicas da zona sul do Rio.
Eu estava no lugar errado, isso é certo.
As médicas conversavam animadamente sobre implantes de mama, vulgarmente conhecidos como “colocar silicone” ou “dar uma turbinada”. E falavam das próteses, dos tamanhos, dos preços, se as melhores são as importadas ou as nacionais, se devemos optar por aquelas que valorizam o colo ou outras que são mais baixas (essa parte não dá pra explicar bem, eu tive que presenciar a explicação gestual). Elas discutiam se iam fazer a cirurgia no Copa D´Or ou no Samaritano. Comecei a achar a conversa horripilante. Mas até aí tudo bem. Vaidade é uma coisa muito pessoal, e se alguém vai ser mais ou menos feliz por ter mais ou menos peito, essa também é uma questão muito pessoal.
Finalizei minha participação na conversa, não que eu tenha falado alguma coisa, participação como ouvinte, com a seguinte frase proferida por uma das médicas.
- Querida, você não tem noção de como eu quero me turbinar, mas eu vou casar mês que vem. Eu estou sem dinheiro até pra comer. Assim que eu tiver dinheiro eu vou colocar silicone e fazer uma lipo.
O detalhe é que além de muito jovem, ela era uma vareta.
Cena Dois
Local – Mesmo vestiário da mesma academia na zona sul do Rio.
Horário – uma hora depois da hora do almoço na zona sul do Rio.
Personagens – eu e as mesmas cinco médicas da zona sul do Rio.
Eu continuava no lugar errado, muita sorte.
Não falavam mais de implantes. Falavam que odiavam o Barra D´Or, e nunca trabalhariam lá, por ele ser na Barra. Elas comentavam que tinham pena do fulano e do sicrano, pois eles trabalhavam na Barra e para elas só existia a zona sul. No máximo, notem, elas foram enfáticas, no máximo o Centro.
Uma delas – a mesma da lipo - ainda falava que bom mesmo era o Leblon, e que ela estava pagando um milhão e meio de reais por um apartamento de dois quartos naquele bairro. Segundo ela não existe outro lugar decente para morar no Rio. Quase sugeri Manhattan ou Paris, mas preferi ir ao reservado vomitar um pouquinho e tentar terminar de me vestir.
Outro dia, no mesmo vestiário, ouvi uma conversa entre duas juízas (uma delas aposentada) que falavam do caso do assassinato do ganhador da mega sena. As duas concordavam que a assassina era a esposa e também concordavam que ela tinha sido muito burra. Mas elas tinham teorias diferentes sobre como a esposa deveria ter agido. Uma achava que a esposa deveria ter dado muito açúcar para a vítima. Como ele já era diabético, morreria e ela não seria responsabilizada. A outra, menos cruel, achava que ela deveria ter aguentado mais um tempo e se separado, pois já teria direito a um bom quinhão.
Fiquei muito impressionada com tanta futilidade e crueldade. A maioria das médicas era jovem, mas ainda assim eram médicas e deveriam dedicar suas vidas a cuidar de pessoas. Deveriam fazer cirurgias em seus pacientes ou nelas somente quando necessário. Deveriam doar o mínimo do seu tempo para cuidar de pessoas carentes, aqueles pobres infelizes que não podem morar no Leblon - isso eu não sei se elas fazem, não pareceu. E as juízas, a maneira cruel como elas lidavam com o assunto era impressionante.
É... Alto nível. Estou com medo de voltar lá. Acho que vou ficar sem tomar banho depois da malhação. É, vou ficar suada mesmo.
Wednesday, March 14, 2007
Tuesday, March 13, 2007
Eu só quero é ser feliz, viver tranquilamente no subúrbio em que eu nasci

Ontem, na hora do intervalo, saí com alguns colegas para comer. Estávamos procurando um botequim perto da faculdade, quando encontramos um “pé sujo”, na verdade, um “pé imundo” com karaokê. A cena era grotesca. Um bar horroroso na rua Buenos Aires, completamente vazio, com um sujeito também horroroso cantando uma música do Roberto Carlos. Meu primeiro impulso foi tomar o microfone da mão dele e dizer que ele não tinha o direito de fazer aquilo com a música do rei. Desisti. Na verdade rimos muito com a cena e combinamos ir lá na próxima quarta, com um grupo maior, e cantar. Mas eu falei tudo isso, porque essa cena me lembrou outra passagem numa época já remota.
Há uns doze anos atrás, eu trabalhava numa firma de auditoria. Eu tinha vinte e dois anos, acho que ainda era solteira, com certeza era solteira. Tinha clientes espalhados nos quatro cantos do Rio de Janeiro. Não exatamente nos quatro cantos, nos cantos bons eu não tinha. Tinha clientes na Pavuna, Irajá, "uhú" Nova Iguaçu, Bonsucesso, São Gonçalo. Eu fui a inspiração pra essa música "subúrbio" do Chico Buarque. O cliente que eu tinha na Pavuna, tinha uma filial em "uhú" Nova Iguaçu, e ninguém queria ir visitar essa filial. Como ninguém queria ir, mandaram a Renata. Nessa época o Rio não era tão violento, ou eu não tinha tanto medo da violência. Saí da fábrica da Pavuna no carro do cliente e fomos em direção à outra fábrica. Chegamos lá, comecei o meu trabalho, e como nunca a auditoria tinha aparecido por lá, fui tratada como celebridade. Na hora do almoço, o pessoal resolveu me agradar e me convidaram para comer a melhor carne seca desfiada do Brasil. Eu até gosto de carne seca, mas preferia ficar ali trabalhando e voltar pra casa mais cedo. Não tive como recusar, todos eram muito gentis. Fomos. Andamos de carro mais de meia hora dentro de "uhú" Nova Iguaçu. Chagamos num bar quase vazio, com chão de terra e aquelas mesas de ferro. Nada em volta. Lugar absolutamente deserto. Só mato. No bar tinham uns seis sujeitos muito mal encarados escolhendo músicas numa “junk box”. Fiquei com medo daquelas pessoas.
Sentamos. Eu e meu sorriso amarelo. O pessoal da empresa muito feliz com a minha presença. Eu tentando parecer feliz com a minha presença. Quando eu já estava quase me acostumando com o lugar e com os rapazes da "junk box", passa um carro da polícia civil. Pronto. Agora vai ter troca de tiros. Onde me escondo? Debaixo dessas mesas? Atrás da "junk box"? O carro da polícia civil parou. Os policiais saltaram. Iam almoçar. Quatro policiais. Dois deles foram dar uma olhada no lugar, acho que pra ver se tinha alguma emboscada. Comecei a rezar. Os outros dois entraram no bar. Quando se certificaram que a área estava limpa, eles começaram a se desarmar. Colocavam as armas na mesa de ferro. Nunca vi tanta arma junta. Acho que vi cinco granadas. Acho que vi um canhão daqueles que tem em navio de pirata. Não posso confirmar, estava com muito medo. Não consegui provar a melhor carne seca do Brasil, nada passava pela minha garganta. Suava por todos os poros do meu corpo. Esperava o início da chacina a qualquer momento. Ficou difícil disfarçar o meu imenso desconforto. O gerente da fábrica que nos acompanhava perguntou se eu queria ir embora. Não podia fazer isso com aquelas pessoas. Ninguém parecia muito preocupado. Decidi ficar. Voltei são e salva, mas sem provar a carne seca.
Monday, March 12, 2007
Momento Oswaldo Montenegro
Aos Filhos de Áries (Oswaldo Montenegro)
Áries o primeiro signo/Do carneiro apaixonado/Tem em Marte seu designo/E no fogo seu reinado/Nas estrelas seu delírio/Seu amor enciumado/Nos limites seu martírio/Seu mistério revelado/Louco signo das correntes/De emoções arrebatas/Ariana dos repentes/Explosões descontroladas/Ariana como o fogo/Nunca será dominada/Decisiva como o jogo/E a primeira namorada/Signo da sinceridade/Da vermelha cor do dia/ Signo da velocidade/Da impulsão e eu nem sabia/Que era tanta madrugada/A derramar no coração/Como a rosa serenada/Se transforma e pinga ao chão/Derretendo ao fogo da paixão.
Aos Filhos de Touro (Oswaldo Montenegro/Xico Chaves)
Topei com a estrela bailarina na rua/Dançando um rock em frente a uma vitrine toda sexy/Vidrada num anúncio de batom no vidro/Preso com durex (dura lex - sed lex)/Um carro, um vestido e um brinco de ouro/Presente de um rico industrial do signo de touro(dura lex - sed lex)/Quando é touro é um meio fecundo/Em cada semente plantada um sorriso de gratidão/Quando é touro é um meio fecundo/Em cada semente plantada um sorriso de gratidão/Haja bom tempo ou não.
Aos Filhos de Gêmeos (Oswaldo Montenegro)
Curioso, dispersivo/Você sempre tem algo a dizer/Signo dos opostos/Signo dos vizinhos/Gêmeos há de ser:/Cada planeta, cada riso/Em cada esquina que houver/Cada extremo reunido/Cada homem gêmeo da mulher/Gêmeos como a luz do dia/É vizinha do anoitecer/Gêmeos chuva, e quem diria/O sol que brilhará/Dor e prazer/Cada planeta, cada riso/Em cada esquina que houver/Cada extremo reunido/Cada homem gêmeo da mulher.
Aos Filhos de Câncer (Oswaldo Montenegro)
Caranguejo, signo da última estação/Do segundo lugar do primeiro desejo/Que não há/Como dissimulando se esconder no porão/Caranguejo da canceriana solidão de horizontalizar/Do canteiro de beijos que não dá/Como dissimulando se esconder no porão do ser/Caranguejo cada vez que a gente se encontrar no cio/Pode ser que não, mas eu quase adivinho/Que no coração alguém vai batucar/Caranguejo signo de quem só me chama de filho/E do meu coração, e do Gilberto Gil/Caetano é leão e sempre vai reinar (pois é)/Caranguejo símbolo da réplica fusão/Do que não caberá/Mas no primeiro ensejo brilhará/Como volatizando se ascender um balão/Caranguejo símbolo da réplica fusão/Do que não caberá/Mas no primeiro ensejo brilhará/Como volatizando se ascender um balão/Pro céu.
Aos Filhos de Leão (Oswaldo Montenegro)
Cada diamante ama o sândalo e o cravo/Ama o ouro, e alaranjado/O globo azul rodeia o sol/Cada diamante imita a mágica/Das tropicais florestas/Onde reina o leão, Deus dos animais/Cada brilho seu reflete o coração dourado/O fogo, o poder, a vitalidade, o pai/Cada raio seu forma uma rua/Que vai dar na luz da lua/Doces caminhos astrais.
Aos Filhos de Virgem (Oswaldo Montenegro)
Virgem como a natureza do desconhecido/Virgem como quem se muda e como quem virá/Virgem como a fruta esperando a tal mordida/Virgem como o garoto que espera atento a hora do jantar/Virgem como a nuvem que ainda não choveu e o guia/E como é virgem toda noite enquanto o dia não pintar/Virgem como a tela branca da pintora linda ainda é virgem/Como a lua antes do sol iluminar/Virgem como o olho de quem não dormiu e o guia/Virgem como a planta do pé de quem não andar/Virgem como o pássaro desvirginou o dia/Quando desenhou no céu o mapa de onde o sol pode brilhar/Virgem como a música do cantor que era mudo/E como o passarinho é virgem quando não puder voar/Virgem como a bailarina sem coreografia/E como a pérola azulada que ainda não saiu do mar.
Aos Filhos de Libra (Oswaldo Montenegro)
Era de libra como a lua vista assim é de cor de sal/Era de libra como a luz das sete estrelas/Forma algum sinal/Era de libra quando dá um passo atrás/Pra caminhar legal/Era a balança universal/Era harmonia como o ritmo da vida e o carnavalera de libra como a brisa quando passa/E ondula o trigal/Mas tinha medo de saber que o jogo da verdade/Era fatal/Era a balança universal/Era de libra e amava a paz e a justiça natural/Era de libra pra poder unir a idéiaAo seu material/O simbolismo da figura da mulher/Paixão arterial/Era a balança universal/Era de libra como a valsa, o antigo Egito e afinal/Era de libra e tem a crença da beleza/E do encanto geral/A natureza da firmeza e oscilação/A simpatia e tal/Era a balança universal.
Aos Filhos de Escorpião (Oswaldo Montenegro)
É o reino da força/Vermelho é a cor do teu coração/Ferro em brasa na casa da morte/É o escorpião/A força criadora que habita o mundo/O animal da auto-regeneração/O homem que renova, signo fecundo/O fim planta o início/É a transmutação/Cabala do grande sinal/Cabala da força do ....
Aos Filhos de Sagitário (Oswaldo Montenegro)
Era claro e sábio/Era manso, metade animal/E livre como ancião/Que já não teme o final/E eu amava, amava/Adormecia com gosto de sal na boca/E amava assim/Com a devoção natural/Dos deuses, dos animais/Ah! quanto tempo atrás/Ah! quantas noites passei/A galopar em você/Doce centauro, amo você/Doce centauro ...
Aos Filhos de Capricórnio (Oswaldo Montenegro)
Madrepérola de cor/A teimosia tá no ar/Signo da terra, da percussão/A dúvida não tem lugar/Signo de capricórnio, ser/Como se fosse escalar/A montanha negra do dia a dia/Não saberia sonhar/Signo da segurança total/Signo da persistência, e afinal/Na versão mais infinita do ser/Capricórnio inda precisa aprender/Que da estranha forma do caracol/Foi que se inventou a clave de sol/Simbolismo do prazer/Tudo mágica ser.
Aos Filhos de Aquário (Oswaldo Montenegro)
Brilho do signo do novo/Do futuro - aquário/Silfos da magia - ar virão/Serpentina da revolução/Brilho do signo do novo/Do futuro - aquário.
Aos Filhos de Peixes (Oswaldo Montenegro)
É peixe quando pula e descortina/A clara possibilidade de mudar de opinião/É peixe quando sem ligar a seta muda o rumo/Inverte a coisa, embola o pensamento e então .../É peixe quando o germe da loucura/Se transforma em claridade e anda pela contramão/É peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas/Sem nenhuma embarcação/É peixe quando salta o precipício da responsabilidade/E tem uma queda pra ilusão/É peixe quando anda contra o vento, desafia o sofrimento/E carrega o mundo com a mão/É peixe quando a luz do misticismo/Se transforma na procura do princípio e da razão/É peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas/Sem nenhuma embarcação.
Sunday, March 11, 2007
Podemos ir pra casa dos meus amigos agora?
Eu sempre levo meu pequeno príncipe para esses eventos, a menos que seja um almoço/jantar onde o assunto é trabalho. Levo por diversos motivos, por gostar muito de estar com ele, por ele se comportar bem, por achar que minha mãe não tem obrigação de deixar de sair para ficar com ele, mas principalmente, para apresentá-lo a essa diversidade cultural. Mostrar que nem todo mundo fala a nossa língua, nem todo mundo mora na nossa cidade, e que é importante aprender outras línguas para poder se comunicar com uma quantidade maior de pessoas, para conhecer uma quantidade maior de lugares.
Ele também gosta de conhecer esses colegas da mamãe e do papai que não falam Português. Ele já saiu com ingleses, noruegueses, indianos, americanos, e fica muito confortável, mesmo sem entender o que estamos falando (será que ele não entende?). Ele faz algumas gracinhas com o inglês que aprende na escola. Fala as cores, fala algumas frases, mas depois de um tempo ele cansa e quer ir embora para brincar com os amigos.
Hoje, depois do almoço, enquanto eu colocava o sinto de segurança nele, ele falou para a minha colega estrangeira, como se ela fosse uma criança pequena:
- Fulana, agora você já passeou, já almoçou, já brincou. Minha mãe vai deixar você no hotel porque a gente tem que ir pra casa dos meus amigos. Tá bom?
Ela sorriu pra ele sem entender nada, e educadamente balançou a cabeça como que concordando.
Pequeno Príncipe agora falando pra mim:
- Viu mãe? Ela não quer passear mais. Ela já entendeu. Podemos ir pra casa dos meus amigos agora?
Friday, March 9, 2007
Existencialismo desvairado de Renata de Beauvoir

chegaram ao lugar de sempre, para um encontro. nada especial. nada diferente de tantos outros encontros. cada um pediu um café. eles nunca tinham pedido café. pediam vinho. pediam champagne. celebravam sempre. pedir um café era um presságio de que celebrar juntos já não mais aconteceria. ela se lembrou dos planos. aqueles planos que fizeram juntos e que ficaram nas gavetas da alma. nunca mais deixariam de ser planos. nunca conheceriam Paris juntos. na partilha de uma separação, com quem ficam os planos compartilhados? talvez ela fosse à Paris com outro. talvez ele deitasse sob um céu iluminado e explicasse a posição das estrelas à outra. ela pensava em sair dali. queria ir pra casa chorar pelo fim daquela estória. queria ir pra qualquer outro lugar comemorar pelo fim daquela estória.
ela pediu pra ele pedir a conta. ele pediu a conta. ele pagou a conta. ele queria comprar uma rosa pra ela, como que para agradecer os anos felizes juntos. ela pediu pra ele não comprar. ninguém pronunciou sequer uma palavra sobre o fim. se despediram com um beijo no rosto. ela entrou num táxi. ela não olhou pra trás. ele entrou em outro táxi, que assim como suas vidas, seguiu um rumo diferente.
Thursday, March 8, 2007
E ainda falam que o BBB é lixo
Fecho os olhos pra não ver passar o tempo, sinto falta de você/Anjo bom, amor perfeito no meu peito, sem você não sei viver/Vem que eu conto os dias conto as horas pra te ver/Eu não consigo te esquecer /Cada minuto é muito tempo sem você, sem você /Os segundos vão passando lentamente, não tem hora pra chegar/Até quando te querendo, te amando, coração que te encontrar/Vem que nos seus braços esse amor é uma canção/E eu não consigo te esquecer /Cada minuto é muito tempo sem você, sem você /Eu não vou saber me acostumar sem sua mão pra me acalmar/Sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você/Vem me tirar da solidão, fazer feliz meu coração/Já não importa quem errou, o que passou, passou então vem/Vem, vem, vem
Dia Internacional da Mulher
Uma frase que eu gosto para definir as mulheres modernas é aquela que vem estampada nas camisas com a foto do Che Guevara - “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura”. Para aqueles que não têm o portunhol tão afiado quanto o meu – “Há que endurecer, mas sem perder a ternura”. Nós endurecemos. Eu sou muito durona. Praticamente uma Chuck Norris de saias. Eu trabalho, estudo, malho, ganho o meu dinheiro, não gosto de dar muita satisfação e nem de depender de ninguém. Eu, como a maioria das mulheres, estou aí pro que der e vier. Invadimos todas as áreas da sociedade. Estamos matando tudo no peito e chutando pro gol.
Por outro lado nós mulheres carregamos (e temos que carregar sempre) uma ternura natural do ser feminino. Eu sou muito “mulherzinha”. Praticamente uma Hello Kitty de coturnos. Adoro ser paparicada. Uso meu charme para conseguir o que quero. Choro vendo novela (choro até vendo BBB). Choro muito. Tenho TPM. Cuido da casa, cuido do marido, cuido do filho, cuido de tudo. Gosto de colo. Sou dependente de atenção. Fico magoada. Sou sensível.
Essa dualidade é o resumo da mulher moderna. E não pensem (os desavisados) que estamos em conflito com a nossa natureza. Vamos muito bem, obrigada! Sabemos muito bem equilibrar a firmeza e a ternura. Sabemos sair para trabalhar e sabemos voltar para o lar.
Parabéns às mulheres da minha vida!! Todas lindas e formosas... Parabéns a mim por ter a sorte de caminhar ao lado de vocês!
Use filtro solar
" Nunca deixem de usar filtro solar! Se eu pudesse dar uma só dica sobre o futuro,seria esta: use filtro solar. Os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela ciência; já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.
Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês. Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado. Mas, pode crer, daqui a vinte anos, você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito - que você nem desconfia hoje em dia quantas tantas alternativas se lhe escancaravam à sua frente, e como você realmente tava com tudo em cima. Você não é tão gordo(a) quanto pensa!
Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra. As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às quatro da tarde de uma terça-feira modorrenta. Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade. Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano. Use fio dental. Não perca tempo com inveja. Às vezes se está por cima, às vezes por baixo. A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo. Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. Guarde as antigas cartas de amor. Jogue fora os extratos bancários velhos. Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem. Tome bastante cálcio. Seja cuidadoso com os joelhos. Você vai sentir falta deles. Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante. Faça o que fizer, não se auto-congratule demais, nem seja severo demais com você. As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo. É assim pra todo mundo.
Desfrute de seu corpo. Use-o de toda maneira que puder. Mesmo. Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir. Dance. Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto. Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois. Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se achar feio.
Dedique-se a conhecer os seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez. Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro. Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem.
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer. More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer. Viaje.
Aceite certas verdades inescapáveis: Os preços vão subir. Os políticos vão saracotear. Você, também, vai envelhecer. E quando isso acontecer, você vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças, respeitavam os mais velhos. Respeite os mais velhos. E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez case com um bom partido. Mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.
Não mexa demais nos cabelos senão quando você chegar aos quarenta vai aparentar oitenta e cinco. Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem. Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale. Mas no filtro solar, acredite! "