Wednesday, April 4, 2007

Delivery de terrorismo e barraco na livraria

Eu sou uma pessoa calma. Calma e tolerante. Extremamente tolerante. Hoje meus limites foram testados e ultrapassados. Trabalhando, muita coisa pra terminar antes do feriado. Dando explicações ao meu chefe pelo celular. Durante a ligação o celular apitava avisando que tinha uma segunda chamada. De casa. Mais propriamente do celular da minha fiel escudeira. Liguei de volta pra ela. Mermã pequena atendeu o celular da fiel escudeira. Estranho. Mermã falou. – Olha Rê, não fica preocupada, está tudo bem, nós já estamos na portaria, mas...alguém soltou um gás no seu prédio e todos tiveram que fugir de casa rapidamente, pequeno príncipe vomitou e a mamãe está com a garganta ardendo.
Fui em casa ver o que tinha acontecido e resumindo nós temos um vizinho terrorista, que ninguém sabe exatamente quem é, que resolveu jogar spray de pimenta pelos corredores do edifício.

Fiquei um pouco chateada de ter um vizinho fronteiriço e antes de voltar ao escritório resolvi passar numa livraria para comprar um livro pra minha afilhada. No caixa, um homem muito desagradável destratava as vendedoras da loja. Inflamada pelo spray de pimenta, vesti minha capa de Zorro e saí em defesa das pobres mulheres. A minha defesa foi educada, tentei apelar para o bom senso do homem dizendo que existe uma certa diferença entre exigir um bom atendimento e humilhar as pessoas. Eu nem completei a frase, ele virou pra mim e gritou. - Cala essa boca e vai fazer uma dieta SUA GORDA DEFORMADA. Gente, foi terrível. De onde esse homem tirou isso? E ele falou tão alto que todos da loja olharam pra mim. Se ele tivesse dito SUA GORDUCHA TRANSTORNADA, SUA RECHUNCHUDA ABUSADA, SUA FOFA AMALUCADA, eu nem ia ficar com tanta raiva, mas GORDA DEFORMADA. Peraê!!!! Ele ultrapassou todos os limites. O chão sumiu de baixo dos meus pés, as prateleiras se afastaram, as pessoas em volta se tornaram meras sombras distorcidas. Nunca, nenhum ser humano foi capaz de gerar tal ira dentro de mim. Fúria imensa. Xinguei o crápula de todos os nomes e sobrenomes feios que conheço. Ele também estava descontrolado e revidou. Seguranças tiveram que apartar a briga. Um barraco sem precedentes. Vivemos num mundo de loucos, e eu sou um deles.

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