Tuesday, January 30, 2007

Crise de frequência


Estava animadíssima, cheia de idéias para o meu blog, quando não mais que de repente, entrei na minha primeira crise de frequência, falta total de ter o que dizer. Sumi

A semana passada foi difícil, corrida, com meu mega-hiper-bluster-big boss aqui no Brasil, arrancando não só a minha pele, mas também toda a minha vontade de continuar no mundo corporativo. Comecei essa semana com um desejo enorme de criar meu filho em uma comunidade riponga no meio do mato. Ensinando ele a cuidar do planeta, das plantinhas, do oceano, dos animais. Sabe, tipo assim, virar com certeza um maluco beleza. Ensinando que esses impulsos consumistas da mamãe são prejudiciais a saúde mental dela e ao meio ambiente, e que mamãe está tentando fortemente se curar disso. Eu ia ter uns probleminhas para convencer o pai dele a se juntar a nós, mas talvez com uma lobotomia tudo ficasse resolvido.

Há tempos eu venho me questionando – do quanto eu preciso para ser feliz? Resposta que eu gostaria de me dar - eu preciso de muito pouco. Uma rede na comunidade riponga talvez me bastasse. Um prato de comida em troca de algum trabalho comunitário que eu realizaria entre uma cantoria e outra, entre um abraço e outro. Mas é mentira. Eu quero ler muitos livros, ver muitos filmes, viajar pelo mundo, comer e beber bem. Morar num lugar legal, não me preocupar com fila de hospital público se eu ou algum dos meus ficar doente. E isso custa caro. Então todo o dia eu faço tudo sempre igual, que nem na música do Chico.

Existe uma linha muito tênue entre o que vale e o que não vale a pena fazer para poder usufruir das “coisas boas da vida”. Talvez as “coisas boas da vida” devessem ser de graça. Talvez a gente devesse mudar o que a gente considera serem as “coisas boas da vida”.

Acho que foi essa reflexão que me deixou meio sem ter o que dizer. Até porque eu não tenho resposta para ela. A gente passa a vida na frente de um computador, aniquilando a nossa criatividade, a nossa saúde, deixando passar o pouco tempo que dura uma vida, repetindo os mesmos trajetos todos os dias de forma automática. E tudo isso em troca de dinheiro, ascensão social e algum reconhecimento para o Mr. Ego que vive conosco. Mas será que não é muito por muito pouco?

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